sábado, 11 de julho de 2009

Brasil, um país de todos



Minha cabeça está em parafuso. Sabe quando a bagunça do seu quarto se mistura com a bagunça da sua vida e tudo parece tão fora do lugar, tão desarrumado, tão errado que tudo o que quer fazer é gritar e fechar os olhos na esperança que tudo aquilo suma por si só? É isso. Mas nada some se você só gritar e fechar os olhos. Neste caso você só tem duas coisas a fazer ou arregaça as mangas e faz você mesmo ou paga para fazerem para você. E para isso eu tenho Maria. Maria é a empregada que todo final de semana vem para limpar minhas coisas. No começo ela levava um susto quando chegava no meu quarto, onde também trabalho, mas hoje acho que já está acostumada.

Enquanto tomava um café e reclamava de ter acordado 6 da manha em um sábado para terminar uma ilustração, ela começou a contar a historia dela. No interior de Minas, de onde ela veio, as pessoas acordavam às três da manha para trabalhar na roça o dia inteiro, não serem pagas e viverem exploradas por fazendeiros. Ela já tinha seus 60 anos e não se arrependia de ter saído de lá aos quinze anos para trabalhar no Rio. Ela não teve estudo e sempre trabalhou como empregada. Hoje tinha duas filhas, ambas em faculdade. É uma historia comum se tiver pensando em novelas da Globo, mas para mim foi estranho olhar para uma personagem da vida real.

Em um cotidiano em que a cada momento coisas novas no mundo acontecem e você tem de estar atualizado, onde toda a informação é rápida, vital e precisa ; era estranho me ver de frente do Brasil antigo que me foi ensinado no colegial. A vida hoje gira a 100 por hora todo momento e esquecemos que fora da cidade grande ainda existe um Brasil arcaico, onde coisas como “voto de cabresto” e “trabalho semi-escravo” são coisas que são presentes na vida de muito brasileiro. E em uma semana onde funeral virou show mundial e a discussão política do momento é se um presidente olhou ou não a bunda de uma mulher, a pergunta que bate mais e mais na minha cabeça é que tipo de mundo é esse que está se formando? Sabemos em tempo real o que está acontecendo a quilômetros, mas não vemos os problemas do nosso próprio país? Que tipo de pessoa é o brasileiro que lê religiosamente o twitter para esquecer o quão quebrado e vergonhoso é o seu próprio país? E quem sou eu, Luis, no meio de tudo isso? O mico do “#forasarney” mostrou o quanto nós somos imaturos em questão de administrar o nosso país, porque não gostamos de quem está no poder, mas não fazemos nada contra ele a não ser pedir ajuda para quem nada pode fazer. Acho que é bom vermos a tecnologia a nosso favor para conhecermos pessoas novas e nos divertirmos, mas se não temos a mesma força de vontade para fazer a diferença, para promover coisas boas, para arrumar nosso próprio país como podemos reclamar dos direitos pessoais?

Quando vi a bagunça era maior do que a própria Maria podia arrumar.

10 comentários:

  1. Ah, se vc for se preocupar com tudo o que está errado, querido, vc surta. Não estou dizendo que devemos nos alienar, mas também não devemos querer lidar com mais do que podemos.

    E quanto a Maria, pelo que falou, ela tem uma vida muito bonida, e deve se orgulhar dela!

    tem tente que dá valor a tanta coisa efêmera, e acha que o que ela tem não vale nada, mas no final, riqueza maior tem ela.

    Beijão!

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  2. ter empatia com o próximo ajuda a percebermos o tamanho de nossos problemas, o quão grandes ou pequenos são, contudo, isso não deve nos fazer esquecer q nossos problemas por mesmo q sejam minúsculos tb são problemas...

    acordar as 6 da manhã é um saco!

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  3. Parabéns, belissimo texto!

    então, infelizmente temos de nos preocupar em votar corretamente, pra depois não ter que nos matar pra tentar tirar a mula do cargo que colocamos.

    E sim, o mundo está tão introspectivo, que a gente vê o maldito twitter todo dia, fala com trocentas pessoas na internet, mas não visita nem o parente proximo nem conversa com o vizinho da esquina.

    Vida real as vezes é bom!

    :)

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  4. Me pergunto isso todos os dias.
    Mas uma andorinha só...
    Amigo, temos que viver e ir tentando mudar as pessoas aos poucos, pois esse mídia comprada, alugada e prostituída tem muita força.
    Viva a vidaaaaaaa
    Abração

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  5. O que vc escreveu sobre sua empregada ( amiga ) eu creio que ela tenha te abrido a sua mente, assim como já ouvi muitos sobre isso, e ficar reclamando, sobre a nossa vida bla bla bla ... rs
    Mas eu admiro pessoas como ela, nós abre a mente.

    Mostrar que grandes valores, são aquele que somos.

    Gosteiii do BLOG!
    PARABÉNSSS...............
    MESMO ....

    ABRAÇÃO!

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  6. Acho que o slogan seria melhor "Brasil, um país de TOLOS". Somo s tolos, até otários mesmo, em ficarmos passivos a essa corja que assola nosso país...
    Parabéns pelo Blog. E desculpe-me! tem dias que fico revoltado com essas situações...
    Um abraço e boa sorte!

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  7. ai, nem me fala... Nessas férias em Saint Louis só se ouvia falar em Forasarney e nas trapalhadas dele
    Mas um pouco de bagunça faz bem... ao equilibrio

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  8. Quando vc for candidato, terá o meu voto!!

    Concordo com vc! O mundo tá meio louco, né? Inversão total nos valores... E, quando há preocupação com o país, é aquela preocupação por coisa banal. Um exemplo: copa do mundo de 2014.
    Até 2014 dá pra roubar tanto dinheiro do povo, né? Dá pra enganar tanta gente? Qtos outros "#forasarney" haverá até lá??
    Mas se o Brasil for hexa, tá tudo ok! Nosso país é fudido, mas é hexa.

    Compartilhei sua revolta! hehe
    Belo texto.
    Abço ^^

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  9. ´´E engraçado isso d agente as vezes atah antenado dos problemas que estãoa contecendo na Malasia e não saber o que rola com a empregada que todo dia tah na sua casa....
    Deve ser pk visto de longe é mais facil olharmos o sofrimento alheio e dormirmos em paz...

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  10. Estou muito insatisfeito com o povo brasileiro. Nada faz!

    E a violência que só aumenta no Rio!
    Não sei onde vamos parar!

    Daqui a pouco a venda de carros blindados vai ser algo comum...

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