sábado, 30 de agosto de 2008

João amava Thiago que amava Raimundo....

Quando estamos no meio de um problema tendemos a ver só o que está a nossa volta. Mas quando somos terceiros e vemos o quadro completo pode-se concluir que o probleminha era na verdade algo muito maior.

Henrique começara a namorar um amigo de um amigo nosso, Paulo. Não cheguei a conhecer o moço, apenas tomei conhecimento dele duas semanas depois do começo do namoro, numa ligação de ajuda em pleno sábado. A faculdade, o trabalho e o apê novo podem tomar todo o meu tempo, mas um pedido de ajuda de um amigo não pode ser negado. Com sorvete de flocos e a primeira temporada de ‘Sex and the city’ nossa tarde foi completa. Entre pauses, colheradas e comentários sobre os episódios, ele me contou a historia.

Eles foram apresentados em uma festa desse amigo em comum. Henrique tava ressentido pelo termino com Diogo, Paulo sofria por um chifre recente. Passaram a noite juntos entre beijinhos e conversas engraçadinhas numa cena digna de uma comédia romântica. No dia seguinte, ele ligou. Se encontraram durante a semana, fizeram passeios, viram filmes. No sábado seguinte, Paulo fez a proposta de namoro. Exultante pela proposta, mas receoso pela rapidez, Henrique aceitou. E se arrependeu. Na segunda, ganhou um depoimento e o primeiro ‘eu te amo’. Na quarta, um anel de prata. E por mais rápido que estivesse sendo, esta que deveria ser a fase onde tudo são flores não estava bem, digamos, florida. A pressa de Paulo em se amarem intensamente fez com que seus defeitos fossem expostos mais rapidamente. Com isso aparecem o ciúme o sentimento de posse e as famosas D.R.’s. Tudo isso em apenas uma semana de relacionamento.


'The greatest thing you've ever learned is just to love and be loved in return...'

Imagine meu susto quando depois de duas semanas sem nos falarmos meu amigo aparece ‘casado’ e em plena crise conjugal. Jogando a ‘aliança’ em cima da mesa, ele disse ‘Ta tudo errado, tudo![...] Quando ele disse que me amava respondi que sentia o mesmo por pressão e não porque sentia o mesmo. Não tem jeito. Vou terminar com ele amanhã. ’; “Olha, terminar é a solução mais pratica, mas não necessariamente a melhor. Não conheço o rapaz, mas acho que neste momento não seria legal ficar pra você ficar sozinho. Porque não tenta dizer a ele tudo o que esta te incomodando? Não tem nada a perder já que quer terminar com ele. ’; ‘ Sei lá, Lu... nós não combinamos em nada. Não vai dar certo. ’ Ainda tentei persuadi-lo durante algumas horas de que dialogo seria melhor que o fim, mas parecia que ele estava certo do que queria.

O mais irônico foi que há alguns anos atrás estávamos em posições exatamente opostas, comigo certo de que o fim era melhor e ele me dizendo para dar uma chance ao amor.
Isso me fez ver que pior do que ver mais um relacionamento terminar, por mais efêmero que tenha sido, era perceber que este foi mais um em uma seqüencia infinita de corações partidos gerados pela simples falta de dialogo: por causa do coração partido pelo Diogo, Henrique se juntou a Paulo e agora iria quebrar o seu... E se juntar a mais alguém.

Não liguei pra ele para saber se a conversa aconteceu mesmo ou se ele terminou, mas fique me perguntando será que esta seqüencia terá fim?


p.s.: o titulo é uma paródia do poema 'Quadrilha' de Carlos Drummond de Andrade


Para assistir depois de ler: Boy Culture

sábado, 23 de agosto de 2008

Daniel

A Ultra Love Cats é uma das festas que mais freqüentei. Sou mais fã da cena alternativa do que da gay. Mas o que fazia desta festa ideal era sua trilha toda voltada para a música pop. Naquela pista de dança já tive vários amores e sorrisos assim como separações e lágrimas. Contar minha historia sem aquela festa seria difícil, assim como contar tudo o que aquelas paredes já testemunharam.
Infelizmente, as coisas no universo mudam e a festa que tanto adorei vem, a cada edição, perdendo um pouco do seu valor, daquilo que costumava ser... Sinal dos tempos ou da falta de senso, mas não quero ficar gastando linhas para falar de defeitos.

'Get up on the dance floor'

A última vez que pisei lá foi no especial “dia dos namorados - Leona Lewis”. Sempre comigo nas baladinhas estavam Henrique, eterno apaixonado (na época namorando), Diogo, Bruno, o pegador que adorava se jogar e Renan, o único de nós quatro que ainda estava no armário. A fila virava o quarteirão, mas estávamos bem posicionados ao lado do carinha que vendia bebida.

“O Diogo não está atrasado?”
“To ligando pra ele, mas ele não atende. Ele tinha me mandado mensagem falando que foi buscar um amigo de metrô. Aliás, esse amigo é pra você, Luis. Ele adorou suas fotos no Orkut”.

Eles sabiam que eu não tava bem naquele dia. A festa já não era legal, estava com raiva do dia dos namorados por passá-lo mais uma vez sozinho e estava com pouco dinheiro pra beber.

“Pra mim? Você sabe que eu odeio encontro arranjado. Não conte comigo”.
“Mas ele é legal/simpático/fofo/interessante...”, no meio da declamação dos predicativos do menino, Diogo aparece ao longe. Com a fila andando acabei por entrar sem ver quem era o tal menino que tinham trazido especialmente pra mim.

Este especial foi marcado por duas “novidades”: 1º rolava uma festa do sinal, idéia infeliz que me lembra as matinês pré-adolescentes. Ironicamente, eu estava de vermelho e mais solteiro que nunca. 2º Tinha uma promoção interessante, em que o casal que desse um beijo na frente do Dj, ganhava um cd com o single “Bleeding Love” e seus remixes.

Vinte minutos e todos entraram e receberam o horrendo adesivo do sinal. Menos o tal menino misterioso. “O nome dele é Daniel, ele trabalha comigo”, Diogo comentou enquanto tirava um vermelho de sua camisa e o colava na calça numa tentativa de deixar aquilo menos ridículo. Quando Henrique viu o tal Daniel entrar, comentou ao pé do meu ouvido: “Amigo, esquece... Ele é muito feio pra você...”.

Pode parecer cruel, mas não tem eufemismo que caracterize fisicamente o Daniel: ele era feio mesmo. Era até fortinho, estava bem vestido, mas não tinha iluminação ou maquiagem que escondesse seu nariz, que estranhamente me lembrou “Alf, o ETeimoso”, mas ele parecia não se incomodar com isso. Disse “oi” para todos e logo já estava interagindo.
“Olhem! O Dj ta ali no canto dando os CDs pra quem beijar na frente dele!”; todos arranjaram pares para pegar o brinde, mesmo sem saber quem era a tal cantora, deixando eu e o Daniel sozinhos. Crápulas...

'espelho, espelho seu...'

Começamos a conversar e ele foi muito educado, com aquele resquício de timidez que dava charme ao que falava. Estava trabalhando pra bancar os estudos, morava sozinho, era assumido. E em todo o momento conversava comigo olhando nos meus olhos, coisa que valorizo muito. Logo, todos voltaram com CDs. Em momentos de dilema como este, prefiro pensar com matemática básica: estou sozinho + ele é interessante – ele é feio = porque não?
E num ato de ousadia peguei a mão dele, sorri e disse “Vamos pegar nosso cd?”.

O DJ Buba estava distribuindo os CDs e ao nos ver ate soltou um “essa eu quero ver...”, and then we kiss... e – droga – ele beijava muito bem.

Assim, passamos boa parte da noite juntos então. Meus amigos ficaram meio chocados, me zoaram e tiraram fotos. Nem liguei. O cara conseguia ser elegante e gentil e tinha uma ótima pegada, o que mais eu poderia pedir? “Rinoplastia”, disse Bruno quando me justifiquei por ter ficado com ele.
Entretanto, no meio da noite, enquanto estava esperando ele do lado de fora do banheiro, duas caricatas saíram de lá e me disseram entre gargalhadas maldosas “bunita, você que me perdoe, mas beleza é fun-da-men-tal!”.
Depois disso fiquei desconfortável a noite toda. Normalmente não penso no que os outros vão pensar, mas de repente pareceu que todos me olhavam e julgavam por estar ficando com ele. Daniel era todo fofo, trazendo bebida pra mim, cantando comigo e até amarrando meu sapato (!). E, na minha cabeça, pensamentos de vergonha por conseguir achar graça ou felicidade com alguém que era feio. Acabou que na ultima hora da festa disse que queria dançar um pouco sozinho...

Quando desligaram o som, saímos o grupo todo pra ver o sol nascer na praia de Copacabana. Estava cansado, desacostumado em virar a noite. Voltamos juntos de metrô, com Daniel segurando minha mão e me deixando dormir no ombro dele o caminho todo, o que só me fez sentir-me mais culpado: ate que ponto o amor gay não é superficial?

O telefone dele ainda está na minha agenda e seu perfil no meu Orkut. Mas, para investir em um relacionamento, acredito que esse sentimento de desconforto nem deva existir. Ou estaria eu sendo superficial?




Para ouvir depois de ler: Leona Lewis – The best you never had.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sobre frutos

Eu costumo analisar pessoas. Sou daqueles que, a partir de um fato não mais que comum, começo a viajar em teorias, lembranças e histórias.

No começo da semana, entrou uma mulher um pouco mais velha que eu no ônibus e sentou na minha frente. Com ela, duas crianças muito novas. O recém nascido no seu colo fixou o olhar em mim de forma constrangedora e ficou a rir com aqueles grandes olhos negros e brilhantes. A outra, com quatro anos acredito, pulava, brincava e sorria. Mas o que me prendeu mesmo na cena foi que, apesar de estar limpando meleca de uma e pedindo para a outra sossegar, a mulher tinha no rosto o mais sincero sorriso, aqueles de felicidade verdadeira. Como se até as pirraças e doenças das crianças fossem algo fascinante.

'eu odeio germes'

Nunca parei para pensar na possibilidade de ter filhos. Na verdade até achava uma bênção ser gay e não ter de me preocupar com engravidar do meu namorado, mas vendo aquela cena não pude deixar de sentir uma pontada de tristeza por mim e felicidade por ela. Comentei isso com meu melhor amigo de todas as horas, Henrique, que sempre consegue definir bem as minhas confusões e confissões sentimentais:

“Eu senti a mesma pontada quando tava namorando o Diogo. Parecia que, por maior que nosso amor fosse, jamais daria frutos. A idéia de não ter frutos do amor, só frutos do coração, na época, me deprimiu. Iria adorar a surpresa de ouvir dele que estava ‘grávido’ de mim ou de ver que nosso filho teria os meus olhos e o sorriso dele. Mas o fato nunca me fez me arrepender da minha condição de gay.”

Henrique é um romântico ao extremo, o que faz da sua opinião algo questionável. Entretanto, sua idéia não parou de martelar na minha cabeça. Como seriam meus filhos com os homens que amei?

Com filhos ou não, a única verdade é que agora, definitivamente, não é o momento para se ter um.

Filhos demandam estabilidade financeira e um companheiro de verdade, coisas que no momento ainda me faltam.

Mas quem sabe um dia...


Para ouvir depois de ler: Madonna – Papa Don’t Preach.

domingo, 17 de agosto de 2008

Contra a natureza?

Às vésperas dos meus dezessete anos, mamãe sentou comigo para uma conversa séria. Ela disse: “Não quero ter um filho com vida dupla, mentindo pra mim. Então quero que seja sincero e me diga: você é gay?”

Eu engasguei, tossi e no final não pude mentir. Poder se assumir deste jeito é uma chance de poucos. No começo foi meio tempestuoso: as primeiras festas, os primeiros namorados, a primeira noite fora de casa. No final deu certo e hoje não imagino minha vida sem ser assumido, seja pelas coisas boas ou pelas situações estranhas que ela trouxe.

Na última sexta foi comemoração dos calouros na minha faculdade. Como havia faltado na minha sexta quando fui calouro, decidi aparecer nesta. Os resultados não poderiam ser diferentes: festa de faculdade + bebida liberada = loucuras e arrependimentos no dia seguinte. A vodka e o whisky rolavam soltos e todos muito alegres dançando e cantando e zoando com os calouros. Eu, que não dispenso uma boa festa, entrei na dança, e lá pela quinta ou sexta dose fui me sentar no canto pra me recompor porque já começava a dançar fora do tom.

Nessa hora, Camila sentou do meu lado. Ela entrara no mesmo ano que eu e éramos bons amigos. Fazia o tipo colorida, sempre com uma roupa que combinasse com a cor atual do cabelo, que constantemente mudava. “Posso sentar com você?”, disse sorrindo com seu cabelo verde e casaco laranja, à la Clementine. Além de irreverente na forma de se vestir e engraçada, ela era muito bonita. Conversa vai, conversa vem e com mais uma dose estávamos a centímetros de distância, praticamente com ela sentada no meu colo. Quando percebi a situação, pedi licença e fui dar uma volta. Por mais que rolasse uma vontade estranha de ficar com ela, não seria certo. Nem só pelo fato de eu ser gay, mas também porque a moça era comprometida.

'o que que eu to fazendo?!?'


No caminho de volta, pensamentos como “O que mamãe diria se ficasse com uma menina?”, ficaram na minha cabeça. Mas no dia seguinte tudo o que eu pensava era “Juro que nunca mais vou beber!”


Para ouvir depois de ler: Kate Perry - I kissed a girl

domingo, 10 de agosto de 2008

Amor e Ausência

Fico feliz com coisas idiotas. Acabei de entrar no Orkut e o primeiro nome do meu ‘visitantes recentes’ era o do Ale (vide post 'A falta que faz'). Vai fazer um ano que não nos falamos. Um ano que ele está namorando outro. De certa forma nunca me imaginei separado dele. É meio estranho ou doentio, eu sei, mas na minha cabeça só demos um tempo... Apesar de que agora que estou escrevendo vejo que quando se comemora aniversario de separação não é ‘dar tempo’, é querer se iludir.

Parabéns pra você...

Conheci Alexandre na internet, numa comunidade gay jovem. No primeiro contato no MSN já nos identificamos e conversamos por horas, mas ate então não tinha caído a ficha de que ele podia ser o cara. Ele acabara de terminar o ensino médio e passara para uma boa faculdade de design. Eu estava no meu ultimo ano, mas já aspirava também o design então tinha ele como alguém que admirava. A partir da terceira conversa, marcamos um cinema, uma volta no shopping e começamos a nos tornar bons amigos.

Sim, começamos como amigos por dois (grandes) motivos:

1º Estava completamente no armário. Ele estava se descobrindo ainda e só tinha tido um caso rápido com outro cara, de maneira que nem os amigos dele sabiam;

2º Nara, a namorada dele do colegial de dois anos.

O meu primeiro pensamento foi que seria bom demais pra ser verdade, mas continuei investindo nele porque apesar de tudo via nele algo de especial. Hoje não sei se foi por ele mesmo ou pelo meu ímpeto juvenil de querer sempre me apaixonar pelas coisas, mas não importa já que a recíproca era verdadeira.

Estranho lembrar dessa época. Não lembro quando foi nosso primeiro beijo. Não que não fosse marcante, mas o que mais me vem dessa época é a imagem de mim fazendo jogo duro e dizendo que não saia com cara comprometido, tanto por causa do meu amor próprio quanto porque estaria sacaneando a menina, mas na verdade nunca me importei com ela e na verdade tava muito afim de sair com ele. Ele me ganhou pelos olhos, me olhava muito. Lembro dele olhando fixamente pra mim como se tentasse dizer que me preferia a Nara, mas sem coragem de dizer isso verbalmente. Eram os olhos mais lindos que já vi.

É estranha essa situação hoje. Nesta mesma hora no ano passado eu pensava no que daria de presente a ele. Será que ele também pensa em mim desta forma?


Para ouvir depois de ler: Toranja - Carta

sábado, 9 de agosto de 2008

Marcos

Finalmente de volta as aulas. Já estava sentindo falta da minha faculdade querida. Tudo bem, não era das aulas que sentia falta, mas do que acontecia depois delas. A primeira semana é sempre a mais lenta: não se sabe os horários, os trotes animam os veteranos e os professores muitas vezes não vem. Mas isso não impede que se reúna os amigos em volta da mesa do bar.

Luiza, uma amiga de Letras-Grego, sentava-se na minha frente e foi quem me apresentou a eles. Ao lado dela, Matias, de Letras-Latim, contava tudo sobre as loucuras que aconteciam no seu prédio enquanto olhava discretamente o peitoral de Leandro, de Arquitetura, que se limitava a beber, fumar e sorrir.

Três choppes e todos já estão colocando as cartas na mesa e baixando o nível da conversa. ‘Gente, que brincarmos de verdade ou conseqüência?’, propôs Luiza com a visível intenção de ver o circo pegar fogo. Antes que eu pudesse proferir o meu ‘Melhor não, ainda não to bêbado suficiente pra isso... ‘, ele chega por trás dela e lhe tampa os olhos.

No nano-segundo que ele olha pra mim, um filme passa na minha cabeça. Seus olhos, sua roupa, seu jeito de falar e agir, seu sorriso... Tudo tinha aquele quê que me deixou caidinho pelo dito cujo. Definitivamente era a reencarnação cármica de Maurice, eu só não sabia o quanto.

‘Marcos! Que saudade! Vem, vamos brincar de verdade ou conseqüência...’

‘Pow, não sei... ‘

‘Sim, sim! Vamos brincar, sim!’, eu interrompendo a conversa e quase pulando na frente dele.

A brincadeira seguiu, com as mesmas perguntas sexuais de sempre. Eu nem prestava atenção, estava mais ocupado em analisar cada detalhe do ser gracioso na minha frente. Com isso, percebi as diferenças nele, por exemplo, cada vez que me olhava era dentro dos meus olhos, como se procurasse minha alma. Isso era o que mais me incomodava em Maurice, ele não gostava de contato visual. Ele também malhava, estava entrando em Letras-Árabe e tinha acabado de voltar da Inglaterra.

‘Matias pergunta pro Marcos!’

’... o quê?’, eu saindo dos bíceps dele para voltar a realidade.

‘Verdade ou conseqüência, pro Marcos. ’

’... Conseqüência...’

Cochichos e opiniões depois, foi dado o veredicto: ‘Quero que você de um beijo no pescoço do Luis.’ Ele foi rápido e levantou, passando por trás de mim . Nessa hora tudo que eu pude fechar os olhos. Quando senti a respiração dele no meu pescoço, tremi to-do. Tenho um fraco no pescoço e tinha um fraco pelo cara, logo, por pouco não o agarrei ali mesmo, no meio do bar.

Algumas rodadas depois, disse que tinha de ir embora. Luiza também e já que estava de carro, ofereceu carona para os outros meninos. Despedidas e bye-bye’s e Marcos aceitou ir conosco...

Durante o caminho começamos a conversar e perguntei-lhe sobre a Inglaterra.

‘Pow, foi uma época ótima, fiz bons amigos lá... Mas meu visto de estudante venceu e tive de voltar. Eu ate podia renová-lo, mas estava com saudade do meu namorado...’, sabia que era bom demais pra ser verdade, ‘... ele estava lá comigo, mas voltou por causa do visto dele... ia voltar com ele mas ele disse que seria melhor eu esperar o meu visto vencer....então acabei ficando um pouco mais e...’

‘Quanto tempo estão juntos?’, Luzia interferiu vendo meu estado de decepção.

‘Não estamos mais juntos... er... ele me traiu... me largou por um cara de lá... quando voltei pra cá, só encontrei dele uma carta, dizendo que tinha voltado pra Londres atrás do tal inglês rico...’,

'Como assim? E você?’,

’... na hora fiquei com raiva dele, mas sabem como é... foram dois anos juntos e isso é dificil de esquecer... gostar é foda...’

Baque! Como o filme bom que vi na primeira vez que o vi, um revival do pior que ocorreu nos últimos meses com Maurice passaram pelos meus olhos quando ele disse as ultimas três palavras...

Não sei se foi mais medo de ver a possibilidade de um Maurice 2 ou de que iria talvez fosse vê-lo em todos os homens que me interessasse. Só sei que com a quantidade de álcool que estava na cabeça, comecei a me encolher no banco de trás e me deprimir.

Existe cura para coração partido?


Para ouvir depois de ler: Madonna - Beautiful Stranger