Entretanto não foi a mudança que me motivou, e sim a lembrança. Ao desfazer as malas de roupas, um caderno antigo, daqueles que escrevia bobagens e desenhos sem sentido, caiu no chão, aberto. Meio atrapalhado com os casacos, jogo-os na cama pra pegar o que havia feito tal barulho.
O caderno marcava a letra ‘A’ da agenda. Justamente no nome dele. Irônico achar o número, já que havia perdido a agenda do meu celular e o contato com ele. Iria fazer um ano que nos separamos. Lembrei que ia fazer um ano porque foi perto do meu aniversario.Um ano dói. Dói porque ele tinha sido meu primeiro e tinha toda aquela fantasia de que seria para sempre. Não que antes dele eu não tivesse tido outros homens, mas ele foi o primeiro que rolou entrega, paixão e depois dele só decepção. No mesmo momento cavei por entre os montes de caixas e bagunças a procura do seu ultimo presente: um livreto, contando nossa historia. Ate hoje me inspira de certa forma. E no meio daquela coisa de lembrar do que era bom, sofrer pelo que foi ruim e da estranha sensação de estar sozinho que comecei a escrever.
Na verdade, isso dá um certo tom dramático que não existiu muito na cena. Afinal, tenho vinte anos, estou começando na minha carreira e de vez em quando tenho uma paquera ou outra. Sozinho mesmo nunca fiquei, mas vira mexe sinto falta daquele sentimento da alma de sermos dois e sermos únicos. Certos sabores deverias ser proibidos de serem experimentados.
Para ouvir depois de ler: India. Arie - The Heart of a Matter
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