segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Indefinição certa






“Just do it
Because you want it,
Not because you saw it.”

Copacabana Club em Just Do It




Existe uma infinidade de livros, filmes, músicas e blogs que tentam descrever o amor. É o assunto preferido de todos os tempos a ser contado pelas pessoas. Há os que preferem o lado onírico das relações platônicas, com paixões intensas, cavalos brancos e cartões de crédito sem limite. Outros apenas gostam da boa e velha sacanagem. E quando muita gente fala sobre a mesma coisa dificilmente elas entram em conceito. Há os que encontram o amor na fila do pão, há os encontram nos dark roons. Há os que vivem se esbarrando sem nunca sossegar e ainda os que nunca o vão encontrar. Mas mesmo os que já tiveram a decepção do primeiro amor ainda esperam uma historia romântica vinda depois de muita superação pessoal, falas piegas e potes de sorvete. Afinal, qual é a graça da vida sem uma batalha final, sem obstáculos intransponíveis e muitas montanhas para escalar? Mas o que você faz depois de vencer a batalha? Onde você guarda suas armas? Onde você guarda sua vontade de subir quando chega no topo?

A verdade é que eu sentia falta da vida de solteiro. De sair com os amigos para falar mal dos ex namorados, tomarmos umas cervejas e sairmos para a noite; de todo o jogo de sedução que pode rolar: das cantadas baratas dos caras bonitos que não precisavam dizer um oi às cantadas dos caras que mesmo se dissessem tudo não iam levar nada; de paixões descartáveis e de quebrar corações.[...] Isso hoje parece tão distante. Mas o namoro não muda tudo. Não. Passa-se apenas a fazer trocas. Programas a dois são mais interessantes e existe a tentativa de conciliar os espaços na agenda com os amigos [coisa que eu ainda não consigo fazer direito, fato.]. Assim, o que antes era divertida agora parece distante e estranha. A noite, por exemplo, perde sua função, já que só se sai para beber e ouvir musica coisas que se pode plenamente fazer em casa.



Era um sábado a noite de uma semana conturbada de trabalho. Saio às 18 horas e ligo para Edu. Ele havia sido convidado para um brunch metido a coquetel em um clube na praia e estava saindo de lá naquela hora. Mesmo cansado, saímos para comer no Uno Duo no centro e decidir o que iríamos fazer. Ele queimado de praia, eu com olheiras profundas. Que casal encantador. Os meninos iam para uma festa no Cine Ideal,que só valia a pena por ter bebida liberada, e tinham colocado nossos nomes na lista. Por um momento pensamos em ir e então partimos para Copacabana. A praia a noite era inspiradora e pareciam que ate as musicas nas rádios contribuíam para uma noite agradável.

“Lu, hoje tem Ultra Love Cats também, sabia?”

“Sei... Colocaram nossos nomes lá também. Mas acho que seria sacanagem irmos para lá e não termos ido para o Cine.”

“É, eu sei... Não ia querer entrar também, to meio cansado. Mas bem que poderíamos dar uma passadinha na frente antes de irmos para casa, não?”


Havia algo de masoquista naquilo, mas fazer uma social nunca fez mal a ninguém. Achamos Laura saindo de um bar. Laura era uma caloura minha, mas que já conhecia anos antes da faculdade. Era uma party girl completa e estava planejando a sua própria festa. “Vai ser foda! Só vou chamar gente conhecida...” Obviamente ela cantou a gente para entrar na festa, mas já estávamos de saída. Bebemos uma com ela e pagamos a conta. Mas havia algo no sorriso dela quando contava da loucura da festa da noite anterior que me fez lembrar da minha época de festas nonstop. Quando foi que me perdi de mim mesmo? Por que deixei de freqüentar os lugares e falar com as pessoas? Ali eu era um peixe fora d’agua.

Atravessamos a rua e encontramos mais pessoas da faculdade. Luan fazia cena com seu cabelo novo. “Como assim você não vai entrar?!?”, espantou-se. Saímos a francesa e fomos para casa.

“Você sabe... Eu não gosto muito do Luan...”

“Não gosta?”


“Não é ódio. É só porque... sei lá, ele me dá um sentimento que não sei explicar. Ele é simpático, mas não posso deixar de sentir pena dele e dos amigos dele...”

“Olha, de certa forma eu ate te entendo [ate pelo fato de já ter ficado com o Luan], mas porque pena?”


“Não sei... De certa forma eles fazem parecer que a noite é como uma droga que apenas injeta a felicidade que ele precisa para continuar sua infeliz vida.”

Não soube direito o que dizer. Na conversa ficou subentendido que aquilo era ruim, mas que não sabemos o dia de amanha em que nosso relacionamento pode acabar e teremos de estar de volta na pista. E era sempre assim quando conversávamos e um assunto respingava em nós. Havia sempre o que ficava subentendido e eu não sabia o que dizer. Me disseram que amor não era um sentimento, mas uma habilidade. Habilidade que precisava ser trabalhada, aperfeiçoada. Por isso, mesmo neste caminho de duvidas eu escolhi continuar. Não era questão de desistir ou seguir em frente, amar ou não, mas de simplesmente não tentar definir algo que ninguém ainda conseguiu.





Para ouvir depois de ler: Florence and the machine - I'm not calling you a liar

14 comentários:

  1. de certo modo me identifiquei completamente com esse post!

    Acho que te entendo completamente...

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  2. por isso que detesto qndo vc para de escrever, tenho um vício que seu blog alimenta sabe? textos bem escritos!

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  3. amor é uma batata. pode ser cozida, frita, assada e lançada pela janela. a minha estava aqui até agora há pouco.

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  4. Acho q o dia q alguem conseguir definir o amor, ele perde a graça! Até pq cada um tem o seu jeito de amar, como vc disse.

    Achei bem legal o seu texto. Nunca passei por uma fase "amor" assim, mas espero q um dia ela chegue!

    Abço ^^

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  5. você escreve muito bem, mas me causou angustia ler esse post acho até por não poder entendê-lo completamente já que nunca fui um "party boy".
    todo mundo fala tanto de amor justamente por não saber o que é o amor, os que já sabem falam de outras coisas

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  6. concordo com o Guy..sobre o amor ser uma batata.
    to em dieta de carbs faz tempo. e ta bom assim.

    bração!

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  7. muito bom seu post! Me fez refletir sobre um pouco a respeito da minha vida futuramente. Nunca fui muito de party, sou mais caseiro mesmo e curto programinhas mais reservados. Por isso procuro alguem parecido comigo em parte. Só tenho medo de acabar encontrando alguém bem diferente, pois não quero mudar e tambem nem quero que alguem mude só pra ficar junto de mim. Amor não funciona dessa forma, seja lá como for que ele funcione.
    abraços!

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  8. UOU, eu não sabia da existência desse blog, mas li desde 2008, fato. As histórias, os acontecimentos, tudo foi muito bom de ler. Não sei, mas foi bom pra me incentivar a escrever mais sobre mim no meu blog e pensar e várias coisas =D

    Fato que conseguiu mais um leitor aqui :D

    :*

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  9. Este é o quarto blog que eu parei pra ler nessa madrugada, e é de longe um dos melhores que eu li NO ANO TODO!!!

    Confesso que tenho "estações", ora sou baladeiro oficial (a ponto de ser chamado pelo nome por barmans e garçonetes) e ora sou o enclausurado na própria casa (hibernando e recuperando as energias emocionais). Nunca reparei o grau de interferência que os meus relacionamentos causaram nas "estações".

    Abração pra você e pro seu namorado... ^^

    OBS: algum problema se eu te linkar no meu blog?

    PS: me apaixonei pelo post "Mesure your life in love"... poderia virar um filme fácil, fácil!

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  10. Acho que mais complicado do que definir e entender o amor, é entender porque somos tão insatisfeitos, sempre queremos experimentar o que não temos no momento.

    Beijo =)

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  11. Um amigo psicólogo me contou que a maioria das reclamações de seus pacientes envolve o assunto "amor".
    Por aí já dá para se perceber a importância que este misterioso e tão complexo sentimento causa no ser humano.

    Amar não é fácil. Requer mesmo muito esforço e sofrimento. Por outro lado, amar também não é difícil.

    O problema é o nosso egoísmo e egocentrismo, que nos faz dar importância apenas àquilo que queremos, enquanto o restante se torna um verdadeiro fardo difícil de se carregar.

    O fato (que muita gente não vê) é que nem sempre aquilo que queremos é o melhor para nós.

    No fim das contas, continuo com a opinião de que em questões amorosas não há nada melhor do que aquele bom e velho diálogo aberto.

    Parabéns pelo post!

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  12. BLOG BEM FEITO, CONTEXTO E BELA TEMATICA! MUITO PROCATIVO, INTERESSANTE E INTELIGENTE!

    Te sigo!

    abraço e parabens!

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  13. Geeente, Campanha: "Volta Luiz!"

    O Crônica Masculina tah tanto tempo sem post ki to entrando em uma crise seríssima de abstinência!

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  14. Impecável a sua colocação. Pena que, por estar solteiro, eu não possa tecer minha própria...

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