É, o carnaval acabou. Das ruas já limparam os confetes, as garrafas quebradas e os bêbados que por ventura caíram no caminho. E você que bebeu, pulou e regojizou na frente de um trio elétrico, parabéns! Considere-se sortudo, pois para mim e meus amigos o carnaval foi uma zica só. Juntaram todos os desastres possíveis e colocaram em ‘cinco dias de folia’. Pro inferno, né. Oh papai do céu, porque resolveu descontar os meus pecados agora?
A começar pelo carnaval em si. Não entendo direito a graça do baticundum. Eu estava lá e vi as pessoas com os dedinhos levantados e as pessoas rebolativas e peitos e bundas e o sexo esfregado na minha cara. É sempre a mesma coisa. Fui para a Banda de Ipanema, o maior bloco gay do carnaval carioca, com a simples idéia de passar mais tempo com Edu. Acho que ele também não entendia o que estava fazendo lá, disse que queria me apresentar uns amigos, disse que seria divertido e eu pensei “Whatahell, quantas vezes você tem a chance de usar uma fantasia no meio da rua e parecer normal?” Entre pessoas saídas da praia, travas posando para fotos e carrinhos de ‘3 por 5 real’, seguimos juntos a massa ouvindo as batidas e sentindo o calor de rachar. Saldo final? Uma amiga lésbica olhando torto para mim, uma ressaca no dia seguinte devido a bebidas vagabundas, marca de camisa pelo sol de rachar e o dinheiro, bom o que não foi gasto foi roubado. Era um carnaval típico. Então eu fiz o que qualquer pessoa sã faz nessas horas. Eu disse: ‘Amor, adoro você, mas não saio de casa ate que o tapa sexo esteja fora de moda.’
Do outro lado da cidade, Fabio acordava em uma cama de motel. O começo da noite anterior estava um pouco nublado na sua lembrança, mas o final era bem claro. Esbarrou em X, um carinha que estava de olho há algum tempo, e eles ficaram conversando no canto do bar em uma noite quase mágica. Lá pelas tantas decidiram sair dali e ir para o motel para dormirem juntos. Sim, apenas dormirem. Era o tipo de cumplicidade e respeito que ele gostava e apesar de ser estranho acordar com um menu de sex shop na cabeceira da cama, não pode deixar de escapar um sorriso ao ver aquele homem dormindo ao seu lado. Saíram mais algumas vezes, mas sempre em algo casual-porém-íntimo. Aos poucos Fabio achou que ele era diferente. E nesse momento de impulso pegou sua agenda e ligou para todos os ‘números casos ativos’ e colocou-os no banco de reserva. Não queria que nenhum caso seu atrapalhasse esse momento dele.
Na terça, a saudade bate forte e Edu me chama para um programa sem alegorias ou adereços: o bom e velho cinema. “Só se for pra vermos ‘Milk’”, e sim eu sou exigente quanto a filmes. [ se quiserem uma boa review do filme leiam no Admirável Blog Novo ] Marcamos no Shopping Tijuca, um dos poucos em que ele estava passando. Na ida já tinha reparado o quanto a cidade estava abandonada. Era como ‘Madrugada dos mortos’, onde só tinham papeis e bolas de feno voando nas ruas vazias e às vezes também aparecia um infeliz em fantasia de bate bola. Abstraí e fui ver o filme. Aliás, o recomendo, mas não quero discuti-lo agora. Tínhamos o shopping inteiro só para nós e só saímos depois que o Habibs tinha acabado com a dose dupla de chopp. Então já deve ter percebido que chegamos a Praça Sans Pena bem alegrinhos. Há poucos metros do ponto em que estávamos acontecia uma dessas festas de carnaval de bairro que lembra festa junina, mas é carnaval. De repente pessoas começam a correr no sentido contrario ao trânsito, vindo em nossa direção. Não entendemos nada, mas com o numero de pessoas aumentando, a tensão tomou conta do local. As pessoas correm para dentro de vans, ônibus ou qualquer veiculo com mais de três rodas, crianças aparecem jogando pedras, ouvem-se gritos e sons metálicos. Era quase um cenário de guerra civil. Mas era um arrastão. Carros de policia aparecem e aí vemos o quão feio a situação era. Como por impulso Edu pega a minha mão e me puxa para um sebo bem ao lado do ponto para sairmos da ‘area de tiro’. O lugar que estamos é diminuto e mal conseguimos ficar os dois lá dentro.
“Manda outro!”, grita Fabio batendo o copo vazio no balcão. Não somos russos, mas bebemos vodka como ninguém. Ele vira de costas para o bar enquanto lhe preparam o drink e olha X na pista de dança. Ele sorri e levanta um copo simulando um brinde. Fabio já sorri involuntariamente. Talvez também porque era seu sétimo copo. Eles dançam ao som de Kate Perry quando cheio de coragem e manguaça Fabio faz a pergunta. Sim, A pergunta. X na hora desmancha todo o rosto em um sonoro ‘NÃO’. Nem toda a vodka do mundo podia fazê-lo deixar de ouvir o seu coração quebrando. E então neste momento em que estava com o orgulho ferido se deu conta o quão exposto estava. Era musica eletrônica e chão de cimento e seus sentimentos escancarados para que um qualquer brincasse. Não era para ser assim. Fabio era mais, merecia mais e fez o que toda dancefloor diva faz nessas horas. Derrubou o copo todo na cabeça do bofe e o empurrou. Ele levantou os olhos a tempo de vê-lo saindo, virando com seu olhar mortal e dizendo “Você não merecia tanto.” E partiu para não olhar para trás.
Não existem regras gerais sobre sorte ou azar em quaisquer áreas, mas existem necessidades e oportunidades. Você sempre tem de estar pronto para aquilo que ainda pode te surpreender. Seja você um taxista passando desapercebido quando dois caras entram em seu carro e gastam 50 reais só para se ver longe de uma situação de perigo ou seja você um ombro amigo de um coração despedaçado que termina a noite com o melhor beijo da sua vida, sempre haverão vencedores enquanto houverem desastres.
[Agora o ano realmente começa.]
A começar pelo carnaval em si. Não entendo direito a graça do baticundum. Eu estava lá e vi as pessoas com os dedinhos levantados e as pessoas rebolativas e peitos e bundas e o sexo esfregado na minha cara. É sempre a mesma coisa. Fui para a Banda de Ipanema, o maior bloco gay do carnaval carioca, com a simples idéia de passar mais tempo com Edu. Acho que ele também não entendia o que estava fazendo lá, disse que queria me apresentar uns amigos, disse que seria divertido e eu pensei “Whatahell, quantas vezes você tem a chance de usar uma fantasia no meio da rua e parecer normal?” Entre pessoas saídas da praia, travas posando para fotos e carrinhos de ‘3 por 5 real’, seguimos juntos a massa ouvindo as batidas e sentindo o calor de rachar. Saldo final? Uma amiga lésbica olhando torto para mim, uma ressaca no dia seguinte devido a bebidas vagabundas, marca de camisa pelo sol de rachar e o dinheiro, bom o que não foi gasto foi roubado. Era um carnaval típico. Então eu fiz o que qualquer pessoa sã faz nessas horas. Eu disse: ‘Amor, adoro você, mas não saio de casa ate que o tapa sexo esteja fora de moda.’
Do outro lado da cidade, Fabio acordava em uma cama de motel. O começo da noite anterior estava um pouco nublado na sua lembrança, mas o final era bem claro. Esbarrou em X, um carinha que estava de olho há algum tempo, e eles ficaram conversando no canto do bar em uma noite quase mágica. Lá pelas tantas decidiram sair dali e ir para o motel para dormirem juntos. Sim, apenas dormirem. Era o tipo de cumplicidade e respeito que ele gostava e apesar de ser estranho acordar com um menu de sex shop na cabeceira da cama, não pode deixar de escapar um sorriso ao ver aquele homem dormindo ao seu lado. Saíram mais algumas vezes, mas sempre em algo casual-porém-íntimo. Aos poucos Fabio achou que ele era diferente. E nesse momento de impulso pegou sua agenda e ligou para todos os ‘números casos ativos’ e colocou-os no banco de reserva. Não queria que nenhum caso seu atrapalhasse esse momento dele.
Na terça, a saudade bate forte e Edu me chama para um programa sem alegorias ou adereços: o bom e velho cinema. “Só se for pra vermos ‘Milk’”, e sim eu sou exigente quanto a filmes. [ se quiserem uma boa review do filme leiam no Admirável Blog Novo ] Marcamos no Shopping Tijuca, um dos poucos em que ele estava passando. Na ida já tinha reparado o quanto a cidade estava abandonada. Era como ‘Madrugada dos mortos’, onde só tinham papeis e bolas de feno voando nas ruas vazias e às vezes também aparecia um infeliz em fantasia de bate bola. Abstraí e fui ver o filme. Aliás, o recomendo, mas não quero discuti-lo agora. Tínhamos o shopping inteiro só para nós e só saímos depois que o Habibs tinha acabado com a dose dupla de chopp. Então já deve ter percebido que chegamos a Praça Sans Pena bem alegrinhos. Há poucos metros do ponto em que estávamos acontecia uma dessas festas de carnaval de bairro que lembra festa junina, mas é carnaval. De repente pessoas começam a correr no sentido contrario ao trânsito, vindo em nossa direção. Não entendemos nada, mas com o numero de pessoas aumentando, a tensão tomou conta do local. As pessoas correm para dentro de vans, ônibus ou qualquer veiculo com mais de três rodas, crianças aparecem jogando pedras, ouvem-se gritos e sons metálicos. Era quase um cenário de guerra civil. Mas era um arrastão. Carros de policia aparecem e aí vemos o quão feio a situação era. Como por impulso Edu pega a minha mão e me puxa para um sebo bem ao lado do ponto para sairmos da ‘area de tiro’. O lugar que estamos é diminuto e mal conseguimos ficar os dois lá dentro.
“Manda outro!”, grita Fabio batendo o copo vazio no balcão. Não somos russos, mas bebemos vodka como ninguém. Ele vira de costas para o bar enquanto lhe preparam o drink e olha X na pista de dança. Ele sorri e levanta um copo simulando um brinde. Fabio já sorri involuntariamente. Talvez também porque era seu sétimo copo. Eles dançam ao som de Kate Perry quando cheio de coragem e manguaça Fabio faz a pergunta. Sim, A pergunta. X na hora desmancha todo o rosto em um sonoro ‘NÃO’. Nem toda a vodka do mundo podia fazê-lo deixar de ouvir o seu coração quebrando. E então neste momento em que estava com o orgulho ferido se deu conta o quão exposto estava. Era musica eletrônica e chão de cimento e seus sentimentos escancarados para que um qualquer brincasse. Não era para ser assim. Fabio era mais, merecia mais e fez o que toda dancefloor diva faz nessas horas. Derrubou o copo todo na cabeça do bofe e o empurrou. Ele levantou os olhos a tempo de vê-lo saindo, virando com seu olhar mortal e dizendo “Você não merecia tanto.” E partiu para não olhar para trás.
Não existem regras gerais sobre sorte ou azar em quaisquer áreas, mas existem necessidades e oportunidades. Você sempre tem de estar pronto para aquilo que ainda pode te surpreender. Seja você um taxista passando desapercebido quando dois caras entram em seu carro e gastam 50 reais só para se ver longe de uma situação de perigo ou seja você um ombro amigo de um coração despedaçado que termina a noite com o melhor beijo da sua vida, sempre haverão vencedores enquanto houverem desastres.
[Agora o ano realmente começa.]
Para ouvir depois de ler: Los Hermanos - Todo carnaval tem seu fim
meu deus
ResponderExcluireu vivo na praça saens pena, vivo no shopping tijuca...
eu tow doido p ver milk
e q pena q seu carnaval naum foi taum bom
*os carrinhos d 3 por 5 me irritavam mt
xx
nossa, turbulento e até meio trágico seu carnaval hein?!
ResponderExcluirnão sei se vou querer falar do meu carnaval lá no blog, meio que tá revirando na minha cabeça ainda. mas mesmo sem escrever não deixo de marcar minha presença!
bj
Amor e outros desastres.
ResponderExcluirAmei o título, o amor tbm pode ser um desastre!!!
Abraço
Oi
ResponderExcluirA partir de hoje estou somente nesse blog:
http://persianaaberta.blogspot.com/
Apareça por lá.
Beijo =)
Diferente do meu, este sim foi um carnaval tumultuado. Muitos batimentos por minuto. Espero que os desastres fiquem longe do seu amor.
ResponderExcluirAbração!
gostei mais do seu carnaval q do meu
ResponderExcluirCarnaval são repetidos erros de ortografia na ponta dos pés.
ResponderExcluirBommmm , diferente do seu, eu
ResponderExcluirA_ D _ O _ R _ E _ I
o meu carnaval..
corri q nem um louco atraz do trio..
sai em cima do trio,
do lado
na frente
Salvador, minha terra querida..
tudo isso mata a minha sede.. eu passo o ano todo esperando o carnaval.. pq depois dele eh q o ano começa
carnaval na bahia eh reveillon
então.. feliz ano novoo !
Passei pra deixar um abraço e conhecer o blog
ResponderExcluirBjos.
E o ano promete, ah se promete!
ResponderExcluirAbraços,
Enfil