segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Vinte um

"Eu não sou tão triste assim,
é que hoje eu estou cansada."
Clarice Lispector







“Depois dos vinte um os anos voam, meu filho. Já você pisca e tem 30 anos. Já, já tem cabelo branco. E já sabe que se precisar dividir tinta para cabelo pode contar comigo.” Disse minha mãe, depois de contar parabéns algumas horas antes. Vinte e um anos. Vinte e um anos e o que para esperar? Nessas horas a gente sempre se pergunta se chegou ao ponto que gostaria estar. E vê que não chegou nem na metade e que apenas está ficando velho. Velho. Velho. Odeio fazer aniversário. Pior que nem sempre eu odiei. Existiu uma época em que eu gostava dos presentes que ganhava, da festa e das pessoas, mas isso tudo se perdeu. Acho que foi quando minha própria vida começou a me sufocar. Mesmo com a gripe suína aumentando minhas férias, eu ainda assim não tive um dia de descanso.

O telefone toca pela quarta vez e eu ignoro. Já sei que é o Henrique. Já sei que ele vai querer que eu arrume alguma coisa para comemorar o meu aniversario. Mas não quero. Já comi o bolo em casa, já ganhei um casaco novo e tenho certeza de que não vão me dar nada para ir para lá. Na sexta vez, eu atendi. Pizza, bolo e cerveja. Com pessoas interessantes tende a ser um bom programa.
“Luis, tem uma festa em Botafogo que dá vip de graça para aniversariante e um acompanhante. Colocamos o seu nome e do Edu lá, porque não vai com a gente?”

No dia seguinte chequei na internet e meu nome aparecia em pelo menos três festas neste mês sem que eu soubesse. No banco de trás de um carro seguimos para lá. Rindo, bebendo, cantando. Uma decepção ao chegar e ver a festa merda que era. Antes da uma da manha tossi minha ida para casa.

“Amor, é o seu aniversario. Vamos passar a noite juntos?”

Consenti. Edu, assim como meus amigos e meus leitores daqui, têm tido muita paciência comigo. Muitas vezes é por causa de trabalho, muitas vezes é por minha causa mesmo, mas já peguei o costume de desaparecer da minha própria vida as vezes.

Quatro e quarenta e cinco da manha. O chão gelado do banheiro de motel parece feito de gelo puro quando não se está vestindo nada. Eu termino de fumar escondido aquele cigarro que deixei no fundo da mochila para que Edu não veja e entro no chuveiro. A água parece mais do que só me lavar, ela me deixa mais leve. O outro há muito dormia e nem reparou que havia saído. Eu não sei como ele conseguia dormir. Era desconfortável, era frio, era até sujo. Mas pelo menos não era solitário. Mesmo assim não conseguia dormir. Era meu aniversario e o cigarro não era a única coisa que eu tinha escondida do meu namorado. Parabéns para mim.


[continua]


Para ouvir depois de ler: Imogen Heap - Canvas

6 comentários:

  1. Parabens a você! FOi essa semana? menino, tem um eternity que nao entro no orkut.
    Também tem muita coisa que escondo baixo a minha superficie...

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  2. espera até fazer 25...
    ahi os anos pulam de 5 em 5, é horrivel...
    mas agente tem que se acostumar com a ideia...
    Ficar Kakura eh o dilema de todas rsrsrsr

    feliz aniversário...

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  3. eu fiz 20 essa semana

    e comecei a nao gostar de aniversarios

    chaaaato!

    so me perdi no fim, achei estranho o jeito q vc falou do edu
    ve se nao some!

    xx

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  4. dia 10 foi meu aniversário
    28 anos...
    e parece q foi ontem, como disse sua mãe, q fiz 21...
    passa rapido mesmo

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  5. É verdade esse negócio de que depois dos 21 passa rápido! Parece que foi ontem que fiz 20 e ja no proximo mês vou fazer 23 puts! a morte ta chegando hehe! Gostei do Blog e de suas histórias!

    Abração!

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  6. BAH! Eu tenhu 23 anos já, e lembro Q apartir dos meus 18 anos eu komecei a fika triste nos meus aniversarios... E o pior é Q eu axei Q só eu sentia isso.

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