quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Pokerface ou o filho pródigo a casa retorna

'This used to be a funhouse
But now it's full of evil clowns
It's time to start the countdown
I'm gonna burn it down, down, down
I'm gonna burn it down
9 8 7 6 5 4 3 2 1 fun'

Pink - Funhouse


A idéia de terminar todos os affairs pareceu fácil e bonita naquela manha, mas sua execução não foi nem um pouco. Mas precisava colocar as cartas na mesa. Jonas agiu com extremo desdém. ‘Você está há duas semanas sem falar comigo. Não sei nem porque se importou em vir me dizer isso.’ Eu já sabia que ia receber uma destas. Carlos, por outro lado, pareceu decepcionado. ‘Sabe, eu queria que fossemos juntos pra Barcelona no final do ano. É uma pena que você queira terminar as coisas assim.’ Antes que possam me xingar, podem ter certeza que me senti idiota o suficiente por estar dispensando caras legais por mero capricho. Entendam, a finalidade do desapego amoroso é deixar a cabeça livre para o resto da minha vida, que é mais importante pra mim neste momento.

O telefone tocou, ‘André chamando’. Ate o ultimo momento tive dúvidas com relação a ele. Ele queria me ver e disse que teria uma festa naquela noite. Uma Ultra Love Cats. Não acreditei. Era um final quase poético. Naquele palco de lágrimas e risos só haveria duas opções para nós: ou sairíamos juntos ou nunca mais ficaríamos. Por sorte, meus amigos também iam para lá, o que deixou tudo mais divertido.



Não tenho o costume de sair na segunda-feira, o que foi estranho considerando que o lugar encheu como nunca. Mas foi só entrar para o cheiro de bebida e cigarro trazer de volta as lembranças da boêmia.

Fabio assim que entrou foi atrás de um copo de absinto. E acabou a noite com um garoto baixinho que conheceu na fila. Alias, tenho a impressão de que ele gosta de homens baixinhos. Bem, pelo menos nunca vamos brigar por homem. Matias, ex de Henrique que estava conosco, se entregou ao pseudo-queijo no meio da pista e aos braços da população dançante. Por não beber, Henrique ficou na posição de babá do grupo. Uma babá meio aérea, mas ainda assim ele me levou em casa com segurança. Conhecemos um gringo na fila que queria ser Britney Spears, e descobrimos que mais da metade da festa faz letras na faculdade. Era um começo divertido.

Em meio a cabeças balançando e coreografias de grupo, eu caminhava com meus amigos ao ritmo do som. Esbarramos com André, que estava sozinho na festa e logo ele já tinha se enturmado com todos. Por mais que a cena possa parecer bonita escrevendo agora, no momento não foi. Existem coisas como ordens de importância para mim. Para ele, o mais importante era não ficar sozinho ali. Para mim, era me divertir — e isso necessariamente não incluía ele. Satisfazendo-se em dançar conosco e me deixando de lado, André sorria como um bobo. ‘Amado, vai em cima dele!’, disse Fabio ao meu ouvido, me empurrando em direção a ele. Nos beijamos em um beijo vazio e meio sem contexto. Ele queria dançar e eu também. Então sem dores, deixei que a pista terminasse de separar a gente enquanto eu me dirigia ao bar. Não foi necessária nenhuma palavra para saber qual final teríamos.

A noite era eterna no lugar e sua mágica estava no encontro de pessoas diferentes e a separação dos que eram iguais. Ao zerar meu coração antes das duas da manhã, estava aberto a novas possibilidades. E ao raiar do dia, já estava com outras cartas de possibilidades nas mãos. Ainda não ganhei o grande premio neste jogo, mas acho difícil parar de jogar...







Para ouvir depois de ler: Lady Gaga – Poker Face

Um comentário:

  1. Achei que a camiseta ilustrou bem o post.

    Mas não acho que você seja idiota nem nada, é que as vezes a gente precisa mesmo "zerar o coração" como você mesmo disse.

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