quinta-feira, 16 de abril de 2009

Três Palavras

"As grandes paixões,
aquelas que chegam de repente,
sempre trazem consigo as suspeitas".

Cervantes





Resumos da noite anterior são difíceis de sintetizar. Deus sabe que esta é a terceira versão do texto e que foi difícil de sair. Não porque algo precisasse ser inventado, mas porque dentro de um mundo de acontecimentos e pessoas tentar focar no que realmente importa é algo que ainda tenho dificuldade de fazer. Tanto por escrito quanto na minha vida.

No dia seguinte da festa, sou acordado pelo telefone às 15 horas. Minha cabeça dói e tendo a ser mal educado quando sou acordado. Era Fabio que queria marcar de ir ao shopping para conversarmos sobre a noite e talvez pegarmos um filme. “Nem fudendo eu saio da cama hoje.” Jogo o telefone na parede e ele silencia, mas já não consigo dormir. O que foi da noite anterior? Fabio bebeu demais e dançou “Single ladies” melhor que o cara que se apresentou no concurso. Henrique ficou puto com o namorado que se cansou lá pelas três da manha e queria ir embora. Marcos, um amigo nosso que eu quase não vejo, havia gamado em um cara muito feio, mas que morava perto dele e ia levá-lo de carona. Noite com três palavras: Pessoas Muito Loucas.




Café, computador e Cibelle. Vícios de sempre. Acho incrível a velocidade das pessoas para coisas inúteis. Já havia fotos da noite anterior no Orkut. Típicas. Pessoas suadas e acabadas se abraçando. Pessoas com passos duvidosos e caretas sem fim. Pessoas se pegando em fundos escuros do lugar. Por isso que eu nunca tiro fotos depois de entrar. O telefone toca. Mamãe. “Estou indo passar aí, meu filho.” Ótimo, eu precisava mesmo da mamãe.

Entrei na festa com pelo menos três latinhas de cerveja, uma caipirinha e muito papo cabeça dentro de mim. Já estava mais pra lá do que para cá. Mas estava curtindo, me divertindo, rindo. Entramos e ficamos na pista, dançando. Tudo estava ótimo, ate que começo a sentir algo estranho. Não era ânsia, pois havia comido algo antes de entrar. Era só aquela incomoda sensação de estar sendo observado, como se o meu telefone fosse tocar e o assassino fosse perguntar qual o meu filme de terror favorito. Sei lá. Começaram as apresentações e o Dj desandou a falar. Resolvemos sair e sentar um pouco nas mesas do lado de fora. Nesta hora, Henrique aponta para a porta e diz “Ih, olha o Alessandro saindo ali!”. Abaixo a cabeça unicamente para pensar “Putaquipariu!”

Sentamos e conversamos, mas meus olhos insistiam em acompanhar aquela figura estranha, que ate então não tinha me percebido na festa – Graças a Deus! Estranho, pois não me lembro de conseguir focar direito nessa hora. Henrique, reparando na minha cara, me chama ao banheiro.

“Luis, você está sendo idiota e espero que esteja sendo por causa da bebida.”, disse Henrique se olhando para o grande espelho no banheiro, “Olha, eu te entendo. Sei do que você está com medo. Está com medo de o Alessandro chegar e estragar de alguma forma o que ta rolando entre você e o Edu. E sinceramente isso é burrice...”

“Pára, Luis....”, minha mãe interrompe minha narração. “Você acha que ta enganando quem? É obvio que você não estava com medo disso. Até porque o que ele diria ou faria para estragar o seu relacionamento? Você está é com medo do Alessandro chegar junto e você não saber o que fazer! Ficar na duvidazinha entre ele e o Edu. Que coisa mais juvenil! Pára de ficar olhando para trás. Vira essa página, menino, porque ele com certeza já virou!”

“Não, mãe... É só que...”, comecei a responder, mas me detive. Pensei. Não estava totalmente errado. “Eu não vou dizer que isso não passou na minha cabeça... Mas não é preciso muito para ver que isso é babaquice. Até porque foi como o Henrique disse lá no banheiro...”

“O Alessandro não teve nem coragem de se assumir por você, você acha que ele vai ter coragem de vir falar com você?”, disse sério através do espelho, tão sério que nem ele mesmo acreditou que pudesse. Voltou-se para o seu cabelo e terminou “Além do mais ele não iria mexer com você, porque se ele vier a gente se junta e mete a porrada nele. Vamos, to pronto.” Rimos e saímos.

Rogério estava do lado de fora com um refrigerante para o namorado.
“Vocês demoraram... Está tudo bem?” “Sim, papo de menina no banheiro.”, e voltamos para pista.


Mas a má impressão ainda não tinha saído. Momento com três palavras: Guilty as charge

A música nos embala e começamos a zoar e tudo vai bem. Ate que começa a apresentação de alguém e A passa por nós com seus amigos. E o desconforto volta com força total. Então decido abrir o jogo com Edu. O chamo para comprar bebida conto tudo na fila da perseguição, do medo e do fato que tava meio bêbado e podia ta falando demais.

“ ...E sei lá, eu sei que é ridículo, mas fico com receio dele estragar nossa noite...”

Ele me puxa para o lado de fora e sentamos no canto das escadas, o mesmo em que ficamos horas conversando quando ficamos na primeira vez.

“Luis, isso realmente é ridículo. Não a nada, nem ninguém aqui que possa estragar nossa noite, só nós mesmos. E o mesmo acontece com a gente. Olhe para mim. Vamos fazer três meses juntos. Desde que estamos juntos todos os nossos encontros, mesmos aqueles que terminam com algum problema, são ótimos. É ótimo estar com você. E ninguém, ninguém pode mudar isso, só a gente tem esse poder.”

Eu não esperava isso dele. A verdade é que sempre me surpreendo com ele. Nos beijamos e pedi desculpa. Normalmente sempre esperei que o outro fizesse algo de errado para decretar o fim do relacionamento – e em muitos isso aconteceu. Mas nunca parei para pensar que a falta de confiança em mim mesmo poderia ser ruim. E apesar de nunca ter sido inseguro assim,vi que estava sendo imaturo diante de alguém que não merecia isso.

Voltamos para pista, desta vez com a intenção de nos divertirmos. E dançamos e rimos e cantamos e fizemos da noite mais um dia memorável para nós. Não precisava de ninguém, nem de mais bebida, nem de mais pessoas. Tinha meus amigos e tinha ele. Eu tinha ele.

No ouvido dele, três palavras: Eu te amo...

Ele me abraçou forte e disse que me amava desde o dia que me viu no jantar em que nos conhecemos. Me senti mais conectado com ele do que nunca. Tanto que nem dei importância ao esbarrão que dei em A ao sair do banheiro, algumas horas depois. Mas o comentário do Edu foi definitivamente o melhor da noite: “Luis, ele ta melhor nas fotos que pessoalmente, hein...”







Para ouvir depois de ler: Amy Winehouse – Will you love me tomorrow?

12 comentários:

  1. tudo isso em uma balada soh? saudade dessas confusões e das pessoas únicas q são nossos amigos.

    =)

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  2. hauahauahauhauahaua


    atóron!!
    sua mãe é tudo na vida
    quero uma igualzinha pra mim!


    =]

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  3. lindos ;~
    saudades de ver vcs dois juntos, vc ja meio altinho fazendo biquinho sentado no colo dele hahahaha!!
    love you honey ;*

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  4. 1) o edu eh um fofo
    2) sua mãe eh foda!
    3) essa musica tah fazendo a cabeça do povvo esses dias, vc eh o segundo q cita ela!

    xx

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  5. Uma paixão está sempre envolta em névoas, e isso é bom, se tudo fosse muito claro perderia muito do descobrir.

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  6. Nossinhora... quem precisa de "A" quando se tem o resto do alfabeto todo junto num cara só?!


    Legal isso d vc dizer q talvez a falta de confiança em vc mesmo q seja o problema. Tbm sofro com isso... quase sempre!

    Sorte com o namorado!

    Abço ^^

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  7. ...If you liked it then you should have put a ring on it...

    Você já pensou em cenas dos próximos capítulos, garoto?

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  8. Demoreiii mais volteiii
    desculpa demora viu?
    bjoos!

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  9. Luis, eu sei que não comento nunca, mas preciso fazer uma confissão: estou com saudade dos seus posts...
    Ressurge logo aí!

    bj

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  10. No meu caso as noites são dificeis de Sintetizar pq eu sempre saio chapado delas...
    rs

    Bjos Brian.
    x.o.x.o

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  11. achei que não iam surgirm as famosas "três palavras"!aqu

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  12. to t devendo uma vodka

    pq eu tava no cine msm

    xx

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