terça-feira, 9 de agosto de 2011

Você ainda pensa em mim?






Peguei o telefone e disquei o numero dele. Ele não reconheceu minha voz. Faz mais de um ano que não nos falamos. Precisava te ver. Naquele bar perto da sua casa, que tal? Que horas? Claro.

Neste momento começa a chover. Mesmo assim, com o meu guarda-chuva saio na esperança de conseguir falar o que sentia para ele. Três palavras e um milhão de problemas.

Acho engraçado como uma idéia de final feliz consegue mudar tanto. Um dia cheguei a acreditar que isto era algo mágico que poucos achavam e que se devia procurar incessantemente, ate encontrar. Depois, achei que tinha a ver com a pessoa certa no momento certo e tudo estaria perfeito. Mas depois de quatro anos e quatro temporadas achando, perdendo, vendo ir e vir; começo a achar que Amor é a mais dispensável de todas as prioridades da vida. Não por ser ruim, mas porque ele nunca vem sozinho.

“Eu o adoro, sempre saímos e fazemos tudo juntos” — Marcos 25 anos, casado a 2 — “Mas ele tem uma mania de não ligar depois do trabalho... ele sabe que só consigo dormir com ele me ligando a noite!”

“Matheus tinha ciúme dos meus amigos. Das minhas amigas também. Alias, acho que uma vez ele brigou comigo porque eu estava brincando com um cachorro. Não sei, só sei que tinha de esconder o celular, colocar ele em destaque como meu ‘marido’ em todas as redes sociais e sempre sorrir quando a mãe dele fazia uma piada...” — João Carlos, recém separado de um namoro de quatro semanas, “odiava a mãe dele, acho que só agüentei esse tempo todo por causa do sexo.”

“Você acredita que no dia seguinte que saiu comigo, ele não só não me ligou como foi para uma festa? Ta tudo no twitter dele, aquele safado fdp” — André, sobre o cara da noite anterior que ele não lembrava o nome completo, mas tinha todos os contatos dele.

Devemos ser a geração mais burra que existe por complicar algo bem simples. Antigamente namoro era namoro, se acabasse acabou, se ficasse serio casava. Hoje se fica é para experimentar sem compromisso, se namora para tê-los e o casamento? É apenas para destruir um ao outro. Não se pode simplesmente viver com alguém - homem, mulher, cachorro, o que seja - sem exigir que lembre, que ouça, que fale, que não fale, que ligue, que esteja lá...? O que aconteceu com viver um dia de cada vez com quem se ama? Afinal, quem inventou estas regras para o amor?

Tenho 23 anos e estou solteiro. Já tive maridos, namorados e ficantes suficientes para estar vacinado contra todos eles e ainda assim não consegui o final feliz que todo mundo vende. O problema disso é a falta de paciências para aqueles rituais batidos de acasalamento que os gays se submetem: o encontro de boate, o papo na internet, o amigo de um amigo, o primo, o colega de trabalho, entre tantas outras historias que querem ser únicas mas começam do mesmo jeito, seguindo as mesmas regras.

Entretanto, naquele dia chuvoso, quando vi Eduardo na esquina me esperando com seus óculos molhados e chinelos do jeito que ele ficava em casa eu tive a certeza: se o amor existe, era ele. Como jogar fora o livro de regras quando se ainda quer jogar?

Sou Thiago, a terceira geração do Crônicas.
Posso estar certo ou errado, apenas acredito naquilo que vivi.

4 comentários:

  1. o problema é esse, o amor não é essas coisas que as pessoas imputam a ele, é muito mais simples, mas as pessoas complicam tudo. "não consegue dormir"? ah, tomar no cu! "só aguentei 4 SEMANAS por causa do sexo", ah, vai a merda!, "nem sabe o nome do cara e qr exclusividade?" ah, vai catar coquinho! e tb tenho xingamentos pra vc. hehe
    como assim já está vacinado aos 23 anos? pq todo mundo com menos de 25 tem essa mania feia de achar que já viveu tudo na vida e que é super experiente? ah vá! vacina a gente só toma contra polio e sarampo, qrido, contra homem (os bons e os maus) nunca estaremos livres.

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  2. GENTE VCS VOLTARAM! OH GLORIA!

    Agora sim vou ler! ^^

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  3. finais felizes não existem. existem finais vividos, compartilhados, em que os momentos bons se sobrepuseram aos ruins, estes que serviram para dar todo aquele calor no relacionamento.
    .
    ou não, né? é tudo relativo, sempre. :)

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  4. Legal, bem vindo Thiago!
    Obrigada por nos fazer pensar.
    Na minha opinião damos ao amor uma cara que ele não tem. O amor não é perfeito, nada é nesse mundo. Se uma pessoa não consegue conviver em paz plena, com ela mesma, pq acha que com outra pessoa vai ser perfeito e harmônico sempre? Precisamos aceitar, de verdade, as falhas dos outros e parar de esperar a perfeição fácil e gratuita de uma relação.

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