terça-feira, 29 de julho de 2008

Maurice

Para poder contar o final dos posts anteriores, preciso contar outra historia, que por mais que não influencie diretamente, é uma historia que levou a um fato importante para ele. Eu sei que o texto é longo, mas a leitura é rápida, prometo.

Alexandre não foi o único homem que me marcou, apesar de ter sido meu primeiro namorado e de tê-lo dedicado o primeiro post daqui. O término do meu relacionamento com ele me levou a conhecer o que seria o mais angustiante e excitante amor, Maurice. Ele estudou comigo durante o pré-vestibular e juro que enquanto estava com o Ale nem pensava na existência dele. Por isso mesmo fiquei surpreso quando ele me convidou pra sair quando soube que tinha terminado meu namoro, pois nem imaginava que gay ele fosse. Isso porque ele usa roupas de surfista, ouvia musiquinhas da moda, como um típico playboy da Barra.

Eram tempos difíceis pra mim, quase não via minha família por conta dos estudos, sentia a pressão de ter de passar no vestibular e ainda por cima, estava sozinho sem o homem que achei que fosse ficar pra sempre. Fato que estava carente. Então, quando aquele garoto que ate ontem era ‘um mano’ chamou-me pro cinema, eu aceitei. Mais por precisar me distrair e sair da rotina pesada do que imaginando algo pra nós.

'eu estava aqui o tempo todo só você não viu...'


O encontro foi um desastre. A começar pelo filme, “Tropa de Elite”. Concorde que é meio difícil tentar ser romântico com tiros e corpos na tela. Derrubei um refrigerante e trocamos duas a quatro palavras em todo o evento. Claro que voltei pra casa pensando que ele nem me olharia mais pelos corredores do curso, mas fui surpreendido tendo um beijo roubado daqueles de tirar o fôlego quando saia do banheiro na segunda seguinte.


Aos poucos fomos nos acomodando juntos. Ele disse que tinha terminado um relacionamento também, então era como se nos curássemos. Era divertido ter alguém pra discutir os trabalhos e fugir pra dar uns beijos na cafeteria. Quase fomos pegos no elevador, nos trancamos em salas com as meninas vigiando, fomos a praia, enfrentamos chuvas. Foi uma época boa, mas hoje me pergunto se só foi assim porque estava machucado. Bem, não importa, porque o machucado mesmo ainda estava por vir.


De maneiras que não vale a pena falar, descobri que meu príncipe estava a me trair. Com o namorado dele. Eu era o ‘outro’ e não sabia. Daí por diante foi tudo ladeira a baixo. No churrasco da turma, o namorado foi. E eu fui com a garrafa de smirnoff, e tive meu momento Winehouse. Houve discussão, houve barraco, ouve ‘eu achava que você podia ser o cara’, houve portas batidas. Houve coração machucado, houve lágrima, houve grito, mas não houve arrependimento. O único foi na formatura, onde num momento de fraqueza, pedi carona a ele e me despedi com um beijo. Foi o mais triste e o mais doloroso que há provei. E, é claro, estava chovendo, porque nessas horas sempre chove.

O tempo passou, mas mantive alguns contatos do pré vestibular. Entre eles, Katarina, uma sino-canadense que passou no para uma faculdade em outro Estado no segudno período, logo ia morar por lá. Mas não sem antes fazer uma festa de despedida. A festa foi no dia em questão do post anterior, e é claro, Maurice estava lá. Bebidas, presentes, fotos e de repente ele ta do meu lado.


― Opa, sabe aquele concurso que tava tendo de auxiliar técnico na sua facul?

― Sim, lembro de você comentar que tava estudando pra ele...

― É, Eu passei! Em vigésimo quinto lugar, então fui ontem ver em qual filial eu ia trabalhar. Queria ficar na de química [esqueci de mencionar que ele faz engenharia química], mas cheguei atrasado. Então fiquei na de arquitetura...

― Na de arquitetura?!? Mas...Mas design fica na mesma filial, dois andares acima.... [é, eu sou estudante de design]

― É, né.... – deu uma risadinha e foi saindo.


Na hora, me controlei. Mas um misto de alegria e angustia tomou conta de mim. Ta, mais de alegria que de angústia, mas essa última estava lá. Sabia que vê-lo pode me fazer mal, imagine todos os dias? Se fico com ele, me angustio por saber que não vou tê-lo só pra mim. Se não fico, me ressinto porque gosto dele, apesar dos pesares. Se o ver com outro, me revolto, mas não vou poder levantar nenhum dedo.


E foi nesse clima de confusão sentimental, que voltei pra casa pra me arrumar para encontrar Jorge e George.



[continua...]


Para ouvir depois de ler: Robyn - With every heartbeat

2 comentários:

  1. Antes de tudo: não conhecia seu blog e já to gostando! Visual muito bacana, adorei aquela imagem do topo.

    Assim que eu mexer nos "htmls da vida" do 3 sem tirar eu add vc.

    Cara, li tudo e a leitura foi ótima. Fiquei chateado por pensa que caras assim são mais comum do que a gente imagina. E me incomoda o fato de pra eles uma situação como esse ser "normal".

    Grande abraço,
    Lucas.

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