Queria começar pedindo desculpas pela demora a postar. As coisas andam complicadas, dinheiro mesmo, sabe. Nada de drama novelesco desta vez. O negócio é focar no trabalho e sair do cheque especial. Mas o que mais me deprime em ver minha conta no vermelho é ter de me limitar pela falta de grana. Sempre aparecem eventos legais ou ate mesmo uma saída simples com o namorado que acabam por ficar complicadas quando se conta ate o ultimo centavo. Como medida de emergência econômica – isso porque o cartão novo do Edu também ainda não chegou – passamos a nos encontrar na casa um do outro.
Edu não morava sozinho. Ele dividia um sobrado com a mãe, uma enfermeira. E como toda profissional da saúde ela passava muitas horas fora de casa, então no decorrer da semana era quase comum eu passar na casa dele antes da faculdade. Entretanto, a ausência da minha sogra não era o ideal apenas para que ficássemos mais a vontade, e sim por que Edu não era assumido para a família. Isso me espantou no começo dado a naturalidade dele quando estávamos juntos, mas com um cotidiano feliz vai reclamar destas pequenas coisas por quê? Eu não queria ser apresentado para a sogra mesmo, pelo menos não agora.
Os dias passaram e começamos uma interessante rotina de casal. Eu saía de casa com minhas coisas da faculdade e ia para a dele, transávamos de manhã, estudávamos a tarde e trabalhávamos a noite. [...] Obviamente essa condição não se sustentou muito. Na última quarta-feira quando já estávamos nos vestindo para sair para a faculdade, ouvimos algo na porta. “Edu, acho que tem alguém entrando...”; “Calma, calma. Será que é a minha mãe? Ela só volta a noite... Bem, fica no quarto que eu já volto.” O ‘calma, calma’ não foi pra mim, foi para ele mesmo porque eu não me exaltei. Na verdade, já tinha visto aquele filme com o A. várias vezes. Quem já ficou escondido atrás de geladeira para que a irmãzinha do namorado não o visse pelado sabe do que eu estou falando. Então, terminei de me vestir calmamente e peguei um trabalho que tinha tirado para mostrar a ele. Se aparecessem no quarto, diria que era um amigo da faculdade estudando com ele. Simples. Mas quando termino de fechar a mochila, ouço uma chave na porta do quarto. Uma chave trancando a porta.
Na hora meu pensamento foi o de que “isso não pode ta acontecendo”. Sentei na cama e esperei como pai que espera o filho no escuro para surpreendê-lo ligando o abajur quando ele entrasse. Poucos minutos e a porta se abre. Edu entra furtivamente e sussurra que era seu irmão mais velho, que estava se separando da esposa e voltaria a morar lá com eles. Disse para que esperasse um pouco e saísse porque ele tinha entrado no banho. Minha cara era de alguém visivelmente puto, mas decidi que não fazer a cena ali. Se assumir para a família já é difícil suficiente sem um escândalo.
Fiquei esperando no corredor ate que ele aparecesse e saíssemos de lá. Paramos numa praça sem se olhar, sem trocar uma palavra. Ele encosta na minha mão e eu tiro.
“Desculpa...”, disse com uma voz pequena.
“Olha, eu nem sei por onde começar a falar... Certamente esse foi o tipo de atitude que eu não esperava de você e...“
“Lu, eu não fiz por mal. Eu fiquei nervoso, foi isso... eu... eu nunca tive namorado antes. Um garoto pelo menos. E esse tipo de situação é totalmente nova para mim, eu não sabia o que fazer...”
“Eu sou o seu primeiro namorado?!?”
“Awn... é... Você é o primeiro em varias coisas... mas eu sei que o que eu fiz foi errado. Sei que isso vai contra a tudo o que eu digo e faço e que eles são minha família e vão ter de me aceitar. É só que nunca tinha sentido necessidade de falar ate agora. Mas se quiser vou lá falar com meu irmão, minha mãe e quem for e colocar isso logo em pratos limpos...”
“Edu, calma não é assim.”, segurei a mão dele, ”Não tem como saber como sua família vai reagir e eu não quero que faça isso só por que eu peço. É muita responsabilidade para mim. Esse é o tipo de atitude que muda a vida de uma pessoa e se você o fizer vai ter que ser por você.”
“Eu sei, amor. Mas é algo que eu sei que já deveria ter feito. Eu sempre brinco com este ou aquele amigo que o armário não faz bem a ninguém, sempre falo para dizerem a verdade, mas minha vida é uma contradição do que eu falo. Eu tenho o meu próprio armário e preciso enfrentá-lo.”
“Qualquer que seja a sua decisão, saiba que eu estou aqui com você e vou segurar a sua mão sempre que precisar. Mas não faça nada precipitado, ok?”
O final dessa conversa foi algo mais brega, claro. Mas é amor, fazer o quê. Alias nessa historia toda, a atitude dele foi o que me surpreendeu. A primeira coisa que fiz quando o problema apareceu foi ligá-lo a uma ex historia mal terminada. Ele por sua vez, viu que a atitude dele não foi boa comigo e que algum dos seus problemas afetariam nossa vida e que ele teria de mudar. Quantos caras têm esta percepção? E ao ver o final diferente daquela infame historia, o final que eu queria ouvir, percebi o cara incrível que estava comigo. Nesta hora que vi que pessoas diferentes levam à finais diferentes, que sempre existe uma chance para o final que você quer se der espaço para ele acontecer e que é possível sim se apaixonar de novo por uma pessoa.
E os problemas financeiros? Ah, nem lembro mais deles...
Às vezes, não sempre, o destino se encarrega de dar um empurrãozinho para solucionar os problemas. Quem pode dizer é Antonio, o irmão mais velho de Eduardo. Ao procurar pelo número da pizzaria no celular do irmãozinho, ele achou bem mais do que estava esperando...
Edu não morava sozinho. Ele dividia um sobrado com a mãe, uma enfermeira. E como toda profissional da saúde ela passava muitas horas fora de casa, então no decorrer da semana era quase comum eu passar na casa dele antes da faculdade. Entretanto, a ausência da minha sogra não era o ideal apenas para que ficássemos mais a vontade, e sim por que Edu não era assumido para a família. Isso me espantou no começo dado a naturalidade dele quando estávamos juntos, mas com um cotidiano feliz vai reclamar destas pequenas coisas por quê? Eu não queria ser apresentado para a sogra mesmo, pelo menos não agora.
Os dias passaram e começamos uma interessante rotina de casal. Eu saía de casa com minhas coisas da faculdade e ia para a dele, transávamos de manhã, estudávamos a tarde e trabalhávamos a noite. [...] Obviamente essa condição não se sustentou muito. Na última quarta-feira quando já estávamos nos vestindo para sair para a faculdade, ouvimos algo na porta. “Edu, acho que tem alguém entrando...”; “Calma, calma. Será que é a minha mãe? Ela só volta a noite... Bem, fica no quarto que eu já volto.” O ‘calma, calma’ não foi pra mim, foi para ele mesmo porque eu não me exaltei. Na verdade, já tinha visto aquele filme com o A. várias vezes. Quem já ficou escondido atrás de geladeira para que a irmãzinha do namorado não o visse pelado sabe do que eu estou falando. Então, terminei de me vestir calmamente e peguei um trabalho que tinha tirado para mostrar a ele. Se aparecessem no quarto, diria que era um amigo da faculdade estudando com ele. Simples. Mas quando termino de fechar a mochila, ouço uma chave na porta do quarto. Uma chave trancando a porta.
Na hora meu pensamento foi o de que “isso não pode ta acontecendo”. Sentei na cama e esperei como pai que espera o filho no escuro para surpreendê-lo ligando o abajur quando ele entrasse. Poucos minutos e a porta se abre. Edu entra furtivamente e sussurra que era seu irmão mais velho, que estava se separando da esposa e voltaria a morar lá com eles. Disse para que esperasse um pouco e saísse porque ele tinha entrado no banho. Minha cara era de alguém visivelmente puto, mas decidi que não fazer a cena ali. Se assumir para a família já é difícil suficiente sem um escândalo.
Fiquei esperando no corredor ate que ele aparecesse e saíssemos de lá. Paramos numa praça sem se olhar, sem trocar uma palavra. Ele encosta na minha mão e eu tiro.
“Desculpa...”, disse com uma voz pequena.
“Olha, eu nem sei por onde começar a falar... Certamente esse foi o tipo de atitude que eu não esperava de você e...“
“Lu, eu não fiz por mal. Eu fiquei nervoso, foi isso... eu... eu nunca tive namorado antes. Um garoto pelo menos. E esse tipo de situação é totalmente nova para mim, eu não sabia o que fazer...”
“Eu sou o seu primeiro namorado?!?”
“Awn... é... Você é o primeiro em varias coisas... mas eu sei que o que eu fiz foi errado. Sei que isso vai contra a tudo o que eu digo e faço e que eles são minha família e vão ter de me aceitar. É só que nunca tinha sentido necessidade de falar ate agora. Mas se quiser vou lá falar com meu irmão, minha mãe e quem for e colocar isso logo em pratos limpos...”
“Edu, calma não é assim.”, segurei a mão dele, ”Não tem como saber como sua família vai reagir e eu não quero que faça isso só por que eu peço. É muita responsabilidade para mim. Esse é o tipo de atitude que muda a vida de uma pessoa e se você o fizer vai ter que ser por você.”
“Eu sei, amor. Mas é algo que eu sei que já deveria ter feito. Eu sempre brinco com este ou aquele amigo que o armário não faz bem a ninguém, sempre falo para dizerem a verdade, mas minha vida é uma contradição do que eu falo. Eu tenho o meu próprio armário e preciso enfrentá-lo.”
“Qualquer que seja a sua decisão, saiba que eu estou aqui com você e vou segurar a sua mão sempre que precisar. Mas não faça nada precipitado, ok?”
O final dessa conversa foi algo mais brega, claro. Mas é amor, fazer o quê. Alias nessa historia toda, a atitude dele foi o que me surpreendeu. A primeira coisa que fiz quando o problema apareceu foi ligá-lo a uma ex historia mal terminada. Ele por sua vez, viu que a atitude dele não foi boa comigo e que algum dos seus problemas afetariam nossa vida e que ele teria de mudar. Quantos caras têm esta percepção? E ao ver o final diferente daquela infame historia, o final que eu queria ouvir, percebi o cara incrível que estava comigo. Nesta hora que vi que pessoas diferentes levam à finais diferentes, que sempre existe uma chance para o final que você quer se der espaço para ele acontecer e que é possível sim se apaixonar de novo por uma pessoa.
E os problemas financeiros? Ah, nem lembro mais deles...
[ Epílogo ]
Às vezes, não sempre, o destino se encarrega de dar um empurrãozinho para solucionar os problemas. Quem pode dizer é Antonio, o irmão mais velho de Eduardo. Ao procurar pelo número da pizzaria no celular do irmãozinho, ele achou bem mais do que estava esperando...
Para ouvir depois de ler: Kelly Clarkson - My life would suck without you
gente
ResponderExcluiresse epílogo foi maldade não foi?
eu sei que foi
vc é uma pessoa má
que deixa a gente sem ar
esperando o próximo texto!
affff...
ResponderExcluirprimeiro: transar de manhã e estudar a tarde = rotina!??! o dia que transar de manhã for rotina eu vou ter ganho na loteria... hahaha!!!!!!
segundo: essa de ser chaveado na quarto para mim = cartão vermelho. na hora... hehehehe!!!!
valeu a visita e o comment, queridão! abração!
Oláááá...
ResponderExcluirAchei seu blog na net por acaso e li ele em apenas uma tarde! Cara, tu parace de mais comigo! Algumas idéias são tão parecidas que chegam a ser gritantes! Hahaha
Bom, eh isso! Continua escrevendo pq passo no teu blog todos os dias pra ver se tem post novo! hsuashuasha
Abraço!
Alan
p.s.: pode, pode deicar o final com suspense pra matar o leitor do coração e de ansiedade! Eita maldade, viu?! rs
motivo por eu ler seu blog: vc eh um otimo escritor
ResponderExcluiradoro seus textos e tenho q confessar... ontem eu sonhei cm vc e cm seu namorado
era cm se nos conhecessemos ha seculos
ou cm se eu conhcesse o que imagino q sejam vcs
xx
Gente, gostei muito daqui!
ResponderExcluirCaí de páraquedas e curti cada linha que li.
Quero voltar, claro!